23 de mar. de 2012

Os novos gladiadores

Não sou um expert em lutas, o máximo que fiz foi praticar Judô quando criança, cheguei até a laranja, participando de algumas algumas edições do campeonato estadual e só.

Vejo o MMA como um mero espectador, mero não, como um espectador que trabalha no mercado esportivo e acabei por perceber algumas coisas bem interessantes.

Todo mundo trata o Pride, Strike Force, Jungle Fight e, principalmente, o UFC como uma competição esportiva. Ledo engano.

Vou me ater ao mais conhecido deles, o UFC.

Este não tem nada a ver com uma competição esportiva, não fora das grades do octógono. Não é uma associação, nem menos uma entidade esportiva.

Trata-se de uma empresa, de um negócio que atualmente vale 1 bilhão de dólares e foi comprado pelos herdeiros de cassinos em Las Vegas e irmãos americanos Frank e Lorenzo Ferttita, por indicação de seu amigo e sócio Dana White - o Don King do MMA pela soma de 2 milhões de dólares do criador Rorion Gracie. Mais informações leia a Veja.

Já habituados a receberem grandes lutas de boxe em seu cassinos, trataram logo de introduzir algumas regras que tornaram o "dois entram é só um sai" em um evento mais agradável aos olhos do espectador, que desde os primeiros embates atléticos nos Jogos da Antiguidade é ávido por assistir violência controlada.

Atenuada e controlada a violência exercida pelos atletas, resta transformá-los em gladiadores contemporâneos. Heróis, titãs e suas musas míticas que fascinam a humanidade e criam uma atmosfera com alta carga emocional, cativando uma legião de seguidores, praticantes ou leigos.

Confesso que fico fascinado quando assisto alguma das lutas, principalmente aquelas com alto nível técnico e que são finalizadas sem espalhar muito sangue.

Não existe então um campeonato mundial de MMA, não no sentido técnico e literal. A seleção dos atletas para os combates são arranjadas de modo que satisfaça sua audiência e previna que haja uma super-exposição dos melhores ativos do UFC.

O que existe é um mega evento global que é assistido de todos os jeitos e modos em qualquer canto da Terra, no qual os maiores beneficiados são seus donos que sabem muito bem como vender seus direitos e propriedades, principalmente quando negociando com emissoras de TV.

Destas propriedades, incluem-se o Pride e o TUF, reality show onde duas equipes lideradas por atletas renomados, enfrentam-se a fim de se estabelecer "the ultimate fighter".

Será que o futebol brasileiro pode aprender com mais um exemplo e ir além do patrocinar lutadores de MMA?